Insanidades Confusas

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Profano!
Louco!
Depravado!

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Muitos acusam o poeta,
pois versou o ato
naturalizando o fato
delicioso,
que a hipocrisia vela;
O verso desvela.
Mãos, corpos, beijos
caricia, suor e tesão!
O sexo é bom e gostoso
ou será que não?

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Mas acusam o poeta,
o presenteiam com a censura,
gritam que falta ternura:
Na mão que empunha o pênis;
na língua que purifica a xana;
no grito que atravessa a porta;
no espelho que reflete os corpos;
no gozo que escorre as coxas.

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Os versos ganham rótulos
Pornográficos!!!
Não permitidos para menores ,
como assim?
Bater uma siririca,
cair de boca,
cavalgar alucinadamente
ou gozar múltiplas vezes.
Pensar e desejar é permitido,
mas falar jamais!

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É um pecado mortal,
descrever a cena
do seu corpo nu,
planando na cama,
refletindo desejo,
no espelho do teto.
Naquele momento que os olhos
viram e se perdem ao longe,
os dedos dos pés se retorcem todos,
as unhas cravam
desesperadamente as costas
e do quarto ao lado se ouve:

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- VAI!
- DELÍCIA!
- GOSTOSA!
- MAIS RÁPIDO!
- COMO TA DURA!
- PUTA!
- NÃO PARA!
- CARALHO!
- BUCETA!
- VOU GOZAR...
- TAMBÉM...

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Agora foi longe demais!
Indigna-se o leitor.
Espere um instante.
As coisas parecem confusas,
indaga-se o poeta.
Será EU insano?
E a duvida lhe consome,
não na mesma rapidez,
que a fome!
Que assola e castiga
crianças, mulheres e homens,
nos lares, ruas, esquinas e praças.
Mas você não percebe quando passas,
apressado com os seus afazeres,
que lhe torna distante
das agonias alheias.

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Afinal são importantes
as suas prioridades,
não nego.
Nem ao menos renego,
a sua insatisfação,
plena,
com as estrofes anteriores,
que muitos julgam escandalosas.

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Estatísticas, números e dados,
noticiados todos os dias,
geram ponto no IBOPE
e muito lucro para a TV.
Violentas,
mortes e mais mortes,
mas só as transmitidas indignam você.

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Dois pesos e várias medidas,
o que é mais nocivo,
melhor dizendo produtivo,
a sua indiferença.
À AIDS que avassala a África
ou sua revolta
para com os versos
que julgas infame,
do confuso pateta,
que não compreende,
nem entende,
como achas natural
crianças gerando crianças
no embalo lucrativo
da exploração cultural do sexo.

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Melancia, morango ou filé,
só na tela,
daquele casebre distante
onde Judas,
já se encontrava nu,
com anemia, subnutrido e esquecido
até por ti.
Apesar dos pesares,
nada disso lhe causa revolta.
Estranha o poeta...