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segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A arte das obviedades

No gesto singelo
Humilhante de pedir,
A quantia irrisória
Equivalente
Há um pastel e um caldo,
Repousa a indiferença.

O problema do outro
É meramente,
Um problema dele.
Cada individuo
Tem o seu,
Para se preocupar e resolver.

Mas isto é obvio!
Onde está a poesia?

Naquele menino
Descalço na calçada,
Revestido
De uma invisibilidade
Proposital, que muito irrita.
De qual buraco
Saíste?

Tais miseráveis
Com suas famílias inteiras
Nas pontes, passeios e praças,
Estrangulam o belo
E defecam no requintado nível estético,
Produzindo tais “poesias” chulas.

E agora José?
Não tem para onde correr
E agora?

O negro homem,
Com os calcanhares rachados
Secos pela vida
Molhados pela chuva.
Segue retirante,
Confiante desta existência.
Questionada?

Por uma fugitiva em prantos
Atrapalhando a via,
Dos pedestres apressados,
Ocupados, atarefados e cegos.
Doentes de insensibilidade,
Vazios de humanidade.
Conflitos do dia a dia
Mas isto é obvio!
Onde está a poesia?
Não tem para onde correr
E agora?

Sem poesia, persiste
Resiste de maneira dúbia
O que não deveria ser natural
Fatos!
Atos!
Existência!
O ser enquanto ser!
Emergindo do tosco
A arte de cunhar e
Perpetrar poesia.

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