Mas minha ausência não
Se me encontro vivo ou morto
Pouco importa
Desde que permaneça oculto
Se me alimento ou não
Pouco importa
Desde que permaneça oculto
Provocam-me a sede por consumir
Roupas de grife
Carros importados
Bebidas caras
Busco ostentação
Também quero fazer parte
Do banquete do consumo
Minhas marcas de pobreza
Causam-lhe repulsa e medo?
Porque tanta truculência,
Seu policial?
Seu patrão não deve gostar
Da cor da minha pele
Do CEP de onde moro
Do som que escuto
Deixe-nos entrar nos seus shoppings
Entoaremos nossos “hinos”
Conclamando a ostentação
Só iremos roubar a exclusividade
De contemplar as mercadorias
Uma vez ou outra até consumir
Não somos vândalos e nem marginais
Minha presença te incomoda
Mas minha ausência não.